quarta-feira, 12 de março de 2014

22.

Cronologicamente geração rasca sou,
um bebé da revolução, participei
                          no fecho da academia.
Vi tendas montadas e
flirts de capa e batina e
vias de facto na forma tentada porque
cerveja rima com mijar e dormir.
Durou três dias a revolução dos bebés:
os pais pagaram as propinas,
alguns bebés chegarão a secretários e
primeiros de qualquer coisa,
serão a nova inteligentsia, dirão:
apenas inalei, nunca fui às meninas.
Aos futuros genros dirão:
respeitem as minhas barbas.
Eu cursei sem capa e batina,
pedi (não obriguei) dinheiro
                 às caloiras pra cerveja mas...
aborreci-me com o que vi e
com o que ia fazendo.
Vou-me refugiando agora nas palavras
(nós cegos), não fujo para trás,
dialogo sozinho com o meu eu,
tiro conclusões:
os rebeldes acabarão mortos.
Far-lhe-ão estátuas de hipocrisia,
em vida nã quiseram saber, a anedota:
é proibido mas podes fumar...
e o que acontece: nada, ficas moca.

Já estamos mortos há muito tempo.
Fumamos a paz de um cigarro a dois.
Esvaziamos o eu, tornamo-nos um outro
como se tal e qual o remador da barca
                                             do Vian.

... mas a paranóia, a dissociação
leva-me a terminar, dizendo:
'our son is being watched,
he may become a martyr.'

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