sexta-feira, 14 de março de 2014

27.

Esta noite estou zangado.
Não compreendo a incompreensão
                                              alheia.
Culpo-me por isso.
Tento explicar ao outro que
          vejo no espelho quando fumo:
Talvez compadre...
não gostes de ninguém.
Talvez sejas rancoroso, misantropo,
com uma ideia muito grande
                                de ti próprio,
e claro compadre...
perdes o fio à conversa
                                several times,
acabas por lhes dar razão
e compadre, esses compadres
            tornam-se sádicos porque
tu os deixas compadre...
(mas logo explico ao eu que fuma)
cumpadri,
o meu conhecimento é intuitivo,
dedutivo,
como a nossa dialéctica, vês?,
a arrogância torna-se humildade,
planos se fazem, rupturas se anunciam.
Digo: não quero ninguém.
E depois digo e sofro por ninguém me
                                            querer.

                      (A mão que não fuma
bate na própria orelha)

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