terça-feira, 8 de abril de 2014

64.

A catarse ao longo dos dias
anuncia-se e
tudo começa quando
olho as crianças de meus amigos
no café e
ela me devolve um olhar furibundo.
Eu só tenho mais um charro e
digo-lhe que vou comprar:
- espera por mim, volto já.
Mas ela passa-se, não acredita...
- onde vais?, quero ir contigo!
- deixo-te sozinha por meia hora.
Eu não a quero levar porque
não quero que ela conheça o meio.
Mas ela passa-se, não acredita e
começa a gritar, a esbracejar,
a ameaçar e eu na roda
                                por instinto,
a minha mão pára na sua face esquerda
                                em seco.

Tenho sentimentos confusos agora:
não lhe devia ter batido
e a pouca força pouco importa agora
mas não podia deixar ela bater.

Agora, ela descontrolada chora,
grita, chama-me o nome dele
e eu descubro o que estava implícito
e tento acalmá-la dizendo:
- tu não estás a falar com ele,
eu não te vou abandonar,
eu não sou ele,
volto dentro de meia hora.

Saio e regresso a pensar:
o mundo acordará mais feio amanhã,
quebrei a jura de não bater,
fui 'forte com os fracos',
o meu amor por ela é feio
e talvez não seja amor.

Numa tentativa de tentar criar
um ambiente para a paz,
adormecemos ao som da rádio m80
e ela agora 'tão' calma...

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