segunda-feira, 7 de abril de 2014

63.

Vallis - a 'boa selvagem' do poema,
que nada sabe de tics até ao momento
e a quem eu mostro o meu mundo nético;
Vallis pensa que os textos do blogue
                                  de uma escritora
me são dirigidos a mim,
                       sÓ a mim e tem ciúmes.

O meu caso é mais grave,
comigo a psicose materializa-se.
Explico-me:

Um dia vejo num blogue um post sobre
uma banda chamada Contagious Orgasm.
Durante a noite, ao fazermos yabyum
venho-me em Vallis.
- como foste capaz
- deixei-me levar pela emoção

De manhã, vamos ao hospital,
uma pílula do dia seguinte e
um teste negativo.

Quando dizemos 'até amanhã'
pressinto nos seus olhos a ambiguidade:
talvez se sinta ferida por o filho não nascer
mas se nascesse
seria minha a culpa e ela
apenas uma vítima
tal como é vítima do seu último homem.
Quando nos zangamos e para ela
eu às vezes sou ele:
'os homens são todos iguais'
e quem assim não é e é diferente
é maricas ou maluco.

Vallis toma comprimidos para dormir
                                         em excesso.
Não quer acordar amanhã
nem nunca mais
e quando acorda
vai trabalhar como escrava
com a pujança de quem
                                        novamente
'acordou para a vida.'

Sem comentários:

Enviar um comentário